“Espero que o público se veja nestas páginas como quem se olha ao espelho”

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“Histórias e Lendas das Terras da Lixa” é o título do livro de Carlos Costa que será apresentado este sábado no âmbito das comemorações do 30º aniversário da cidade da Lixa.

Carlos Costa, o autor

O que esteve na origem da publicação deste livro?

Antes de mais, sou natural de Freamunde e, desde muito jovem, gosto de ouvir histórias contadas pelos mais velhos. Este entusiasmo enraizou-se ainda mais durante a formação de Professor Primário (1985/88), e no tempo que participei em programas culturais da Rádio InovaSom, de Freamunde (1986/88), onde dei voz a inúmeras histórias e lendas. Muitas dessas histórias foram publicadas em jornais como Fredemundus, Gazeta de Paços de Ferreira, Tribuna Pacense e Imediato.

Este livro “Histórias e Lendas das Terras da Lixa” é “fruto” do meu namoro com a lixense, Professora Maria do Céu, iniciado em 1989 e que, quatro anos depois, culminou em casamento na Igreja da Nossa Senhora do Alívio e “nasceu” do convívio com a família da minha mulher.

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Dentro desse seio familiar, gostaria de realçar o meu sogro, José Fernando de Jesus Alves da Silva, mais conhecido por Zé “Cesteiro”, que com o seu jeito muito peculiar de se expressar, cedo me cativou com as histórias lendárias que se passaram consigo, amigos e, principalmente, as que ouviu do seu pai, António Alves da Silva (1902-1986), mais conhecido por António Alves “Cesteiro”, alcunha herdada da família da sua mulher, Maria de Jesus “Cesteira”.

Por isso, a figura principal deste livro é, indubitavelmente, o avozinho “Cesteiro”, como lhe chamavam carinhosamente os seus primeiros netos: Ceuzinha, Toninho e Cristina e que adoravam escutar as suas histórias nas noites frias, passadas à lareira.

De que trata, concretamente?


O livro é composto por duas partes, apresentadas em aproximadamente 150 páginas e mais de 200 imagens. Na Primeira parte inclui o Prefácio da Professora Fátima Esteves; a Dedicatória/Agradecimento, com destaque para o poema “Para ti, Lixa”, de Rosa Helena; uma Introdução com uma breve contextualização das Terras da Lixa, desde o III milénio a. C. até aos nossos dias; a etimologia da palavra “Lixa”, com várias versões lendárias dos “Cães da Lixa”; diversas lendas; a história dos Coimbras, de Ernâni Basto e de Armindo Brochado, pelo seu contributo económico, social, cultural e político a nível nacional; várias histórias verídicas do quotidiano deste povo encantador, terminando com o poema “O Caminho”, de Carlos Alberto Ribeiro.

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Na parte dois, intitulada “Anotações complementares e imagens”, funciona como um apêndice explicativo da história da Lixa, de Felgueiras e dos concelhos vizinhos. Nela presto também homenagem a dezenas e dezenas de personalidades destas terras. Esta parte poderá ser entendida como um segundo livro ou, ainda, como o ponto de partida para novas investigações, das quais poderão surgir outros livros.

No seu todo, direi que é um livro feito de pedaços de vida. Reúne histórias que realmente aconteceram, outras que são quase lendas e algumas que talvez nunca venhamos a saber se foram verdade ou sonho. Mas todas têm alma.

Fala da Lixa, naturalmente, mas fala sobretudo das suas gentes: da força, do sofrimento, da esperança, das pequenas vitórias e das grandes emoções. É um retrato sincero, sentido, feito com muita dedicação, gosto, respeito e carinho.

Quanto tempo investigou?


Como referi no início desta entrevista, o convívio, desde 1989, com a família da minha mulher e com a comunidade lixense, até aos dias de hoje, representa o tempo que dediquei à realização desta obra.
Foi, por isso, um processo lento, construído dentro dos afetos, escutando, vivenciando, fazendo leituras, entrevistas, apontamentos e fotografias.

No entanto, gostaria de destacar o facto de ser Professor do Quadro da E.B. 2,3 Dr. Leonardo Coimbra (atualmente pertencente ao Agrupamento de Escolas da Lixa), desde o ano 2000, de ter colaborado com O Jornal da Lixa” e de ter criado vários monumentos na cidade. Tudo isso contribuiu para conhecer, de forma mais próxima e profunda, a comunidade lixense no seu todo.

Que particularidades tem o livro que nos possa revelar?


Diria, em jeito poético, que cada história tem o seu sabor, o seu cheiro, a sua luz, o seu coração e a sua alma. Usei uma linguagem simples e próxima, para que qualquer pessoa, de diferentes idades, possa ler e sentir.
Posso “levantar um pouco o véu” (devido à sua publicação ser dia 21 de junho de 2025) e adiantar que há imagens, expressões e alcunhas que fazem parte do nosso quotidiano lixense, nas quais espero ser compreendido, ou seja, sem intenção de ofender ninguém, mas sim com o objetivo de ajudar a contextualizar e a enriquecer as histórias.

É um livro onde, através das palavras escritas e das imagens que selecionei, pretendo dar a conhecer melhor esta região, encaixada entre o Douro e o Minho. E, ao mesmo tempo, convido o leitor a recordar, a rir, a chorar e a refletir sobre o valor das nossas raízes histórico-culturais.

O que espera da recetividade do público?

Espero que o público se veja nestas páginas como quem se olha ao espelho. Que aqui encontre o avô, a tia, o irmão, o amigo ou o vizinho. Que sinta orgulho da história da sua terra e dos nossos “caminhos”.

Digo ainda, se este livro tocar o coração de quem o ler, nem que seja só por um instante, então já terá valido a pena tê-lo escrito.

Que mensagem gostaria de deixar ficar?

Por que não responder com as palavras do último parágrafo da Introdução do meu livro, dedicado ao “Povo das Terras da Lixa”, abrangendo tanto os que estão vivos quanto os que já partiram.

“Espero que, ao ler estas “40 Histórias” (número simbólico) que me foram contadas, encontre nelas um imenso tesouro maravilhoso. Procurei enriquecê-las com várias “Anotações Complementares”, no final deste livro, contextualizando-as no tempo e no espaço com factos históricos e lendários. Acredito que estas histórias ficarão para sempre “bordadas em letras de ouro no seu coração.”

Aproveito ainda este momento para dizer a todos que nunca devemos deixar morrer aquilo que somos. Que tenhamos a coragem de contar e publicar as nossas histórias, porque são elas que moldam a nossa identidade e que nos fazem celebrar a vida.

Em suma, este livro é um “abraço à Lixa” e a todas as pessoas que a tornam tão especial e real. Por tudo isto, do fundo do coração, o meu muito, muito obrigado a todos os que colaboraram comigo (vivos e falecidos), bem como à União das Freguesias de Vila Cova da Lixa e de Borba de Godim e ao Município de Felgueiras, pelo apoio prestado.

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