“Ao aumentar o conhecimento global dos utentes em temas relacionados com a saúde é possível convertê-los nos seus principais cuidadores, ou seja, o utente é o principal interessado em manter os seus níveis de saúde”
Segundo a Organização Mundial de Saúde, os Cuidados de Saúde Primários (CSP) são a resposta ao princípio de que todas as pessoas têm direito a aceder ao mais alto nível de saúde possível, permitindo abranger toda a sociedade e aproximar os serviços de saúde das comunidades. Desta forma, constituem o primeiro ponto de contacto dos indivíduos e respetivas famílias com o sistema de saúde. De ponto de vista histórico, os CSP portugueses percorreram um longo caminho ao longo dos últimos cinquenta anos. Destacam-se a criação da carreira de Clínica Geral nos anos 80 e a reforma dos CSP em 2005, que permitiu a criação das Unidades de Saúde Familiar (USF) formadas por equipas multidisciplinares constituídas por médicos especialistas de Medicina Geral e Familiar (MGF), enfermeiros e assistentes técnicos.
“O futuro da Medicina caminha no sentido de privilegiar a prevenção das diversas doenças, reconhecendo os seus fatores de risco e intervindo com o intuito de os controlar, passando de uma medicina reativa para uma medicina preventiva”
De facto, os CSP são indissociáveis da especialidade de MGF e são considerados a forma mais inclusiva, equitativa e economicamente vantajosa de alcançar a cobertura universal de saúde. Permitem a prestação de cuidados completos, de acordo com as necessidades de saúde das pessoas durante toda a sua vida. Para além disso, ao atuar num ambiente próximo do ambiente diário do utente, asseguram a promoção da saúde, a prevenção da doença, o tratamento, a reabilitação e os cuidados paliativos quando necessários.
Para além disso, o futuro da Medicina caminha no sentido de privilegiar a prevenção das diversas doenças, reconhecendo os seus fatores de risco e intervindo com o intuito de os controlar, passando de uma medicina reativa para uma medicina preventiva. Desta forma, os médicos especialistas de MGF ou Médicos de Família, como são tradicionalmente chamados, são uma peça essencial neste processo. A educação para a saúde é outra área na qual os CSP podem contribuir de forma essencial. Ao aumentar o conhecimento global dos utentes em temas relacionados com a saúde é possível convertê-los nos seus principais cuidadores, ou seja, o utente é o principal interessado em manter os seus níveis de saúde. Assim, as pessoas, famílias e respetivas comunidades podem otimizar a sua saúde como autocuidadores ou prestadores de cuidados a terceiros.
Desta forma, torna-se imprescindível o investimento contínuo em recursos humanos e infraestruturas para os CSP, uma vez que essa atitude poderá promover a preservação da saúde das populações, com redução da incidência de diversas doenças e consequentes internamentos hospitalares, contribuindo, assim, para uma redução a médio ou longo prazo dos encargos totais com a saúde.
